A ECONOMIA E O DIA SEGUINTE – SÓ INTERESSAM OS NÚMEROS
Posted on 5 de outubro de 2022
O quarto trimestre do ano começa com a realização do primeiro turno das eleições presidenciais, de governadores e em um só turno para senadores, deputados federal, distrital e estaduais. Houve muito barulho no setor político e por parte da imprensa. Porém, vale a frase – “Chegou a hora de a onça beber água” – para um bom entendedor o momento é decisivo e perigoso.
O PL terá a maior bancada da Câmara em 2023. Com 99 deputados eleitos no pleito de domingo (02/10) e demais partidos de direita somarão 273 deputados na Câmara. O Partido com maior bancada na Câmara leva maior fatia do Fundo Partidário, a sigla do atual Presidente é a maior, com 99 deputados. O aumento foi de 23 congressistas em relação à bancada atual.
O União Brasil e o PP conquistaram 59 e 47 cadeiras, respectivamente. O PSD, conquistou 42 vagas. Ao todo, partidos do Centrão ou de centro-direita ficaram com 273 deputados.
Já os partidos à esquerda conseguiram 138 cadeiras. A federação do partido de Lula conseguiu eleger 80 deputados, obtendo um acréscimo de 3 cadeiras em comparação com a soma que tinham PT, PC do B e PV na atual legislatura. Os outros partidos da coligação composta de 10 legendas que apoiam o PT, somados com o PDT, obtiveram 59 vagas, assim a base de apoio direto a Lula, caso seja eleito, será de 138 deputados.
Repetindo sua boa performance na Câmara, o PL terá a maior bancada do Senado em 2023. O Partido elegeu oito senadores e comandará 15 das 81 cadeiras do Senado a partir de 2023, seis a mais que hoje. PSD (11 senadores), União Brasil (10), MDB e PT (9) completam lista de maiores bancadas.
Os partidos que venceram as eleições para os governos estaduais em 1º turno, sete são apoiadores do atual presidente (PL): Cláudio Castro (PL), Ratinho Jr. (PR), Mauro Mendes (MT), Ibaneis Rocha (DF), Gladson Cameli (AC), Antônio Denarium (RR) e Romeu Zema (MG) que decidiu seu apoio em (04/10). Não está claro se Ronaldo Caiado (GO) subiria no palanque com Bolsonaro no segundo turno. O Governador eleito por Tocantins Wanderlei Barbosa (Republicanos), também não se posicionou.
Por outro lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem alianças com cinco: Elmano de Freitas (CE), Fátima Bezerra (RN), Rafael Fonteles (PI), Carlos Brandão (MA) e Clécio (AP). No Pará, Helder Barbalho chegou a participar de eventos de campanha junto com Lula, mas não assumiu uma aliança formal.
Em outros 12 estados dos 27 que compõem a Federação a eleição será decidida no segundo turno. Dos candidatos que foram ao segundo turno, sete têm o apoio de Bolsonaro: Tarcísio Gomes de Freitas (SP), Onyx Lorenzoni (RS), Carlos Manato (ES), Capitão Contar (MS), Marcos Rogério (RO), Jorginho Mello (SC) e Wilson Lima (AM).
Por outro lado, Lula apoia oficialmente sete candidatos a governador que disputam o segundo turno: Fernando Haddad (SP), Jerônimo Rodrigues (BA), Renato Casagrande (ES), Eduardo Braga (AM), Décio Lima (SC), Rogério Caravalho (SE) e Paulo Dantas (AL).
Em Pernambuco, a candidata Marília Arraes (SD), que disputa a segunda etapa do pleito, é apoiadora do ex-presidente. No Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD) também é simpático a Lula.
Os brasileiros terão que esperar mais 25 dias para conhecer o próximo presidente da República. Na votação de domingo (2/10), os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegaram à frente na corrida presidencial e terão que disputar um segundo turno.Os candidatos a presidente e a governador que disputarão o segundo turno voltaram a fazer suas campanhas depois de 24 horas do fim da votação, dia (3/10, após as 17h.
Reflitam comigo … Com a disputa se estendendo até o fim de outubro, investidores vão continuar lidando com a volatilidade política. Na visão de especialistas ouvidos, o resultado não deve fazer tanto preço na bolsa.
Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal ‘O Analisto’, destaca que há quem acredite que o segundo turno pode até gerar certo otimismo na bolsa, pois indica um fortalecimento do presidente Bolsonaro.
“Estamos vendo um Congresso e um Senado francamente bolsonaristas, e há quem acredite que essa demonstração de força do bolsonarismo vai ser boa para a bolsa”, diz Goulart. Mas, na visão do analista, o resultado não impacta tanto assim. “A bolsa brasileira também é pautada por bolsas mundiais, não vejo uma força tão grande assim”.
Para Gustavo Cruz, “Os destaques de setembro foram as ações de saúde e construção civil por conta das falas do ex-presidente Lula. Para outubro, a ideia é que os dois setores fiquem em alta novamente”, diz.
Apesar do enorme espaço (e tempo) que o pleito ocupou no noticiário, os investidores preferiram olhar para dados mais concretos, como as perspectivas de inflação e de juros nos Estados Unidos e a volatilidade dos preços do petróleo.
É preciso pensar estrategicamente. O fato é que, por mais que a política seja barulhenta, o que interessa mesmo é a frieza dos números. Para o investidor, uma frase de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano é mais relevante do que um discurso inflamado de uma hora proferido por um candidato à Presidência da República.
O quarto trimestre do ano começou com uma preocupação: novas promessas de corte da produção de petróleo pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os preços do óleo do tipo Brent, referência para o mercado europeu e para a Petrobras, que flutuavam ao redor de 100 dólares por barril há apenas algumas semanas, haviam recuado para 85 dólares. Agora, com a perspectiva de corte, já superam 88 dólares na manhã da última segunda-feira, uma alta de mais de 4 por cento. Isso deverá movimentar as expectativas de inflação e, claro, afetar a formulação da política monetária, com bastante influência sobre os preços das ações.
Enquanto esses números são metabolizados pelos investidores, é bastante provável que a estratégia seja manter a cautela e o olhar no curto prazo.
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