POLÍTICA E O APELO DO MARKETING QUANTO AO PRAZO DE VALIDADE

Posted on 28 de setembro de 2022

Controlar a validade no varejo de alimentos e bebidas significa adotar ações que visem a venda dos produtos antes da perda do prazo de validade para o consumo.

Em uma situação fictícia, imagine que você está no supermercado, fazendo suas compras do mês, onde você já pegou todos os produtos da sua lista de compras, por preços justos e alguns com preços promocionais. Quando chega a hora de pagar, na fila do caixa, você constata um “detalhe”: a grande maioria dos produtos escolhidos por você estão muito próximos do prazo de validade para o consumo – talvez por isso os preços reduzidos, você finalmente reflete. Neste momento, prestes a concluir sua compra, você passa a se perguntar: Vale a pena levar para casa tantos produtos com prazo de validade tão próximo, apenas por que o apelo do marketing momentaneamente o convenceu?

             Estamos em um momento em que esta analogia deve ser aplicada em outros setores de nossas vidas. É isso mesmo: estamos falando, mais uma vez, das eleições, processo em que elegemos personalidades políticas para nos representarem nos poderes Legislativo e Executivo.

A palavra “político” tem suas origens na Grécia Antiga e representa uma pessoa que se ocupa da política. Nas palavras de Sócrates, o político é um homem público que lida com a chamada “coisa pública”; já para Platão, trata-se de um filiado de partidos ou “ideologias filosóficas de conduta”. Em um regime democrático, ou seja, quando incorporado ao Estado pela vontade do povo, o político pode ser formalmente reconhecido como membro ativo de um governo – e, mesmo sem fazer parte dele, tem a capacidade de influenciar a maneira com que a sociedade é governada.

            Basta uma rápida olhada na intensa movimentação por trás das campanhas políticos para comprovar: os partidos estão mobilizando todas as suas forças para formar composições e alianças em busca de apoio visando aumentar as suas chances de ocupar um cargo público ou permanecer nele – como fazem os caciques mandatários. Chega o momento em que não existem adversários, opositores, desavenças – apenas a sede de poder.

Em vez de agirem como empregados do povo, a classe política assume o papel de chefia. Chega o momento de invertermos esta lógica, afinal, nosso governo – instância máxima do legislativo e executivo de nossa Nação constituídos sob os preceitos da República, do Estado Democrático de Direito e, principalmente, da democracia representativa, são eleitos para que possam compor um governo que represente os interesses da maioria da população – principalmente da parcela mais carente de recursos. Em outras palavras, em nosso regime político, a soberania é exercida pelo povo.

Reflitam comigo: Precisamos restaurar a honra da classe política. A honra não em ocupar grandes cargos, vestir roupas caras, adquirir prestígio e receber salários e verbas astronômicas, mas sim a honra em servir ao povo e zelar pelo bem comum.  

Assim, contra possíveis desmandos de um líder que esteja confortável na sua condição de líder, é sempre saudável que a população levante de tempos em tempos, a questão da alternância no poder.

A importância da alternância no poder para a democracia. O homem contemporâneo conquistou muitos direitos, impensáveis para sociedades de séculos anteriores. Era comum aos governantes realizarem todas as suas vontades e disporem de seus súditos como bem entendessem. Em vários momentos da história políticas de racismo, exclusão, escravidão, dominação e violência para afirmação de poder foram aceitas com naturalidade, e não havia a possibilidade do diálogo ou da escolha de uma alternativa por parte do povo.

Na democracia, a alternância de poder é imprescindível para que novos métodos políticos e administrativos sejam introduzidos. Os novos administradores que divergem do status quo contribuem para reformular as antigas práticas por meio de métodos modernos de administração, colocando assim um fim aos vícios políticos.

É graças à adoção de um sistema democrático que pessoas no mundo todo têm o direito de participar da cena política local, de debater e decidir projetos. A participação na vida democrática serve ainda para alimentar outros conceitos modernos, como liberdade de expressão, dignidade humana e direito de defesa.

É preciso pensar estrategicamente. … a política é a ciência da governança de um Estado ou Nação, uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O trabalho de um político é um dos mais exigentes que existe, pelo seu impacto na vida das pessoas, no bem comum e no desenvolvimento das comunidades. Não podemos deixar que os recorrentes escândalos envolvendo a classe política nos faça esquecer do seu real significado, e muito menos permitirmos que nossa descrença seja responsável pelo surgimento de uma inércia que resultará na entrega, de mãos beijadas, desta tão importante tarefa a pessoas incapacitadas, mesquinhas e egoístas.

Na verdade, o princípio democrático fundamental em questão é o da soberania popular. A troca de governantes não é dada pelo conceito da alternância, e sim pelo da supremacia da vontade popular. O povo mantém os governantes se está satisfeito e troca, se achar que há outros melhores.

A opção pela alternância do poder contribui para a moralização e a consolidação da democracia, que prevê um sistema político que busca políticas públicas que beneficiem a sociedade, priorizando as necessidades do povo. Assim, não deve haver lugar para os que encaram o poder público como um meio de vida ou como propriedade privada ou, ainda, como emprego.

Assim como o seu carrinho de compras do supermercado, os políticos podem até te atrair, mas de nada adiantarão suas compras (ou, no caso, seu voto), se o vencimento estiver próximo limitando seu aproveitamento. Não está na hora de atualizarmos nossa lista de compras, substituído os produtos do nosso hábito de consumo por outros mais saudáveis?


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