O REAL CONSTRUIU A FORÇA DA ECONÔMICA BRASILEIRA

Posted on 22 de setembro de 2022

A inflação foi certamente uma das principais causas da concentração de renda no Brasil durante a segunda metade do século 20. Quem estava em bons empregos, tinha um negócio bem estruturado e aplicações financeiras no banco podia defender-se da inflação e até ganhar com ela.

Essa conturbada fase da economia brasileira só foi interrompida em 1994, com a implantação do Plano Real, que possibilitou a estabilidade da economia brasileira através do controle da inflação.

A ideia embrionária do Plano Real nasceu entre 1983 e 1984 com os economistas André Lara Resende e Pérsio Arida, da PUC do Rio de Janeiro numa proposta apelidada de “Larida”. Parte dessas ideias foram usadas no fracassado Plano Cruzado e deram certo quando remodeladas com a ajuda de economistas como Gustavo Franco, Pedro Malan e Edmar Bacha. Mas o plano, que hoje é um sucesso reconhecido, enfrentou resistências políticas.

Nos anos anteriores ao plano, a hiperinflação vinha corroendo o salário dos brasileiros – principalmente os mais pobres, que não tinham poupança para se proteger da desvalorização da moeda – e causando graves distorções na economia brasileira.

De 1986 a 1994, houve nada menos de seis planos de estabilização fracassados: Cruzado 1 (fevereiro de 1986) e 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e 2 (1991). A inflação retrocedia momentaneamente, mas voltava com ainda mais força logo adiante, ao passo que a confiança em que o governo pudesse resolver o problema diminuía a cada vez.

Preparando para uma nova realidade na economia, em 1º de agosto de 1993, o ministro e sua equipe promoveu a sétima mudança de moeda do Brasil, de cruzeiro para cruzeiro real – essa primeira mudança tinha como finalidade promover ajustes nos valores vigentes.

A partir de 28 de fevereiro de 1994, atendendo o disposto na Medida Provisória nº 434, iniciou-se a publicação dos valores diários da Unidade Real de Valor (U.R.V.) pelo Banco Central.  Essa moeda escritural (U.R.V), serviria como conversão obrigatória de valores para todas as transações econômicas, promovendo assim a uma desindexação geral da economia. A MP número 434 foi reeditada mais duas vezes, sendo posteriormente transformada nas leis número 8.880 e número 9.069 que transformava a U.R.V em Real, atrelando cada Real ao dólar americano.

Em 1º de março de 1994, passou a vigorar a emenda constitucional de revisão, que foi novamente alterada pela emenda constitucional número 10, em 4 de março de 1996), criando assim o Fundo Social de Emergência (FSE). Essa emenda teve como finalidade a desvinculação de verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, o que daria ao governo margem para remanejar e/ou cortar gastos supérfluos detectados na execução do orçamento. Em pronunciamento memorável o Ministro conclamou o Congresso Nacional para unirem forças visando a aprovação da emenda à Constituição Federal que instituiria o Plano Real.

No dia 1º de julho de 1994 começaram, oficialmente, a circular as cédulas e moedas do Real. Nos anos seguintes o plano Real mostrou-se o plano de estabilização econômica mais eficaz da história brasileira, reduzindo a inflação (objetivo principal), ampliando o poder de compra da população, e remodelando os setores econômicos nacionais.

Vamos refletir: … Passado algum tempo, em 1999, o Brasil vinha de baixo crescimento do PIB e déficits crescentes em transações correntes. A desvalorização da moeda brasileira naquele ano animou os investidores e o Ibovespa tornou-se muito atrativo. Já havíamos vivido no passado recente, momento parecido.

O Plano Real teve enorme sucesso em debelar a inflação apoiando-se primordialmente em duas variáveis macroeconômicas – o câmbio administrado e os juros elevados. Com o crescimento do déficit em transações correntes e baixo crescimento do PIB, o modelo passou a ser questionado pela sociedade.

No início do segundo mandato do Presidente Fernando Henrique em 1999, o regime cambial se exauriu, ocorrendo uma maxidesvalorização, com a moeda brasileira perdendo 32,4% em relação ao dólar.

O Plano Real se desdobrou em três fases e, diferentemente dos anteriores, foi anunciado antecipadamente à sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que durou do final de 1993 a fevereiro de 1994 consistiu na batalha por aprovar no Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas públicas.

As principais razões para sucesso do Plano Real – A sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação e estavam dispostos a virar aquela página da história; O aprendizado com as experiências fracassadas dos planos anteriores; A economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes anteriores e não menos importante, foi a liderança do então ministro da fazenda Fernando Henrique.

Pensando estrategicamente … O Plano Real conseguiu mudar o rumo dessa história. Desarmou o sistema de indexação, restabeleceu a confiança em que o governo não faria loucuras na economia e virou uma página complicada da história brasileira.

O Plano Real, que domou a inflação e estabilizou economia é uma lição que muitos brasileiros viveram e deve servir de lição para o país atualmente.

O Real é a quarta moeda que mais se valorizou em relação ao dólar em 2022. Levantamento feito pela Austin Rating mostra que a moeda brasileira subiu 10,1% em comparação com a divisa dos Estados Unidos.

Após figurar entre as moedas que sofreram em 2021, o real voltou a ganhar força na primeira metade deste ano e foi a segunda moeda que mais se valorizou contra o dólar no primeiro semestre de 2022.

Real é a moeda mais valorizada, é considerada um dos fenômenos de valorização em 2022, conta com o melhor desempenho do ano em comparação com outras 22 moedas, compostas tanto por divisas de economias emergentes quanto de países desenvolvidos.


No Replies to "O REAL CONSTRUIU A FORÇA DA ECONÔMICA BRASILEIRA"


    Got something to say?

    Some html is OK