Do Ipiranga ao Palácio do Planalto

Posted on 6 de setembro de 2017

Vivemos uma crise permanente.

Há 195 anos, no dia 7 de setembro de 1822, o príncipe regente Dom Pedro, muito irritado com as exigências da corte, declarou oficialmente a separação política entre a colônia que governava e Portugal. Nesse dia o que aconteceu foi a proclamação da Independência do Brasil. Após 30 dias, no dia 12 de outubro de 1822, o mesmo príncipe foi aclamado imperador, e no fim do mesmo ano, coroado, recebendo o título de dom Pedro 1º.

Se tudo fossem apenas rosas, essa seria a história do nosso país. Mas como a realidade é bem diferente, e não é tão simples assim, vamos à realidade: Tudo teve início com o enfraquecimento do sistema colonial e a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808. Revoltas como a Pernambucana, Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, aliadas à Revolução Francesa e à independência dos Estados Unidos, enfraqueceram o colonialismo e aumentaram as possibilidades do liberalismo comercial por aqui. Nessa época, as pressões externas e também internas contra o monopólio comercial português começaram a aumentar vertiginosamente, e a cobrança de altos impostos começou a ser feita em uma época de livre comércio. Claro, a população não aceitou e não deixou de se manifestar. Diante desses vários fatores traumáticos para o país, e as críticas da sociedade contra o colonialismo, Dom Pedro se viu pressionado pelo povo a oficializar o rompimento com Portugal, declarando inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil. Até que no dia 7 de setembro de 1822, durante uma visita a São Paulo, nas proximidades do Rio Ipiranga, a famosa história aconteceu: dom Pedro recebeu uma carta com as exigências da corte portuguesa e reagiu proclamando a independência do Brasil.
Alguns estados foram resistentes, e só em 1824, com a adoção da primeira Constituição brasileira e a forte manifestação da sociedade civil organizada, as coisas começaram a tomar rumos mais sólidos.
E qualquer semelhança não é mera coincidência, e a partir disso, fica fácil perceber que a independência do Brasil aconteceu em uma esfera política, exatamente como acontece na crise que vivemos agora, em 2017.

A escassez do espírito de cidadania, não é de hoje, mas é sim um traço marcante na história do Brasil. Então, pensando estrategicamente sobre os acontecimentos de hoje, assim como foi feito em 1822, agora não seria o momento de nos fortalecermos e como povo unido irmos às ruas, para revelar a nossa vontade com veemência? O destino do país só será concretizado quando sair do anseio e a participação efetiva da sociedade, porque assim como naquela época, hoje a crise continua sendo de cunho político.

Já começamos esse processo. A Lava Jato é um exemplo de que é possível pressionar e investigar o poder público. Mas o futuro é muito incerto, uma vez que depende da força de um todo, e não de alguns.

Proponho então um desafio: em que país queremos viver? E o que nos impede de viver nesse lugar idealizado por grande parte da população, que paga o alto preço pelos desmandos dos nossos políticos?

Eu sei, essas parecem perguntas ridiculamente simples. Mas pelo contrário. São de uma complexidade sem tamanho! Para respondê-las, é preciso – antes de tudo – buscar aquele sentido sobre o qual não nos cansamos de falar: o da participação de todos, em favor de uma única razão, independente de interesses partidários e com base nos princípios que fundamentam nossa república! Será que somos capazes de sair do discurso e colocarmos em prática, com responsabilidade, essa que é a única saída para o nosso país?

Estamos preparados para sair das margens do Ipiranga e caminharmos em direção à formação de uma verdadeira sociedade civil organizada, pronta para dar o grito do Planalto e nos libertar das amarras políticas que estão preocupadas em resolver os problemas de partidos e não do país? Essa é a verdadeira questão que precisamos buscar responder, crendo que esse não é apenas mais um feriado, mas sim um marco que pode mudar para sempre a história desse país!


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