AGRONEGÓCIO: de “patinho feio a cisne” da economia brasileira

Posted on 13 de setembro de 2023

Nos anos 70 durante o regime militar, o agronegócio brasileiro experimentou um forte impulso para o crescimento. O governo implementou políticas de incentivo à produção agrícola, financiando a modernização das propriedades e a expansão da fronteira agrícola. Esse período ficou marcado pelo crescimento da produção de grãos, como soja e milho, e pela expansão da pecuária.

A década de 1980 foi marcada por crises econômicas e políticas no Brasil. O país passou por inflação, endividamento externo e instabilidade política. Esses fatores afetaram o desenvolvimento do agronegócio, com a redução dos investimentos e a desvalorização da produção agrícola.

Na década de 1990 com a estabilização econômica promovida pelo Plano Real, o setor agrícola voltou a se expandir. Houve um aumento significativo na produção de grãos, com destaque para a soja, que se tornou um dos principais produtos de exportação do país. Por conseguinte, na década de 2000 o agronegócio viveu um período de grande crescimento e modernização. A demanda internacional por alimentos aumentou e o Brasil se tornou um dos principais produtores e exportadores mundiais. Houve avanços em tecnologia e inovação, com a adoção de técnicas mais sustentáveis ​​e eficientes.

O Brasil se consolidou como um grande produtor de commodities agrícolas, mas também buscou diversificar sua produção, explorando nichos de mercado de alimentos de maior valor agregado. Houve avanços em tecnologia, aumento de produtividade e abertura de novos mercados. No entanto, houve desafios relacionados à sustentabilidade ambiental e à imagem do Brasil no exterior, o que aponta para a necessidade de uma gestão mais consciente e responsável do setor.

O agronegócio brasileiro continuou a crescer, se transformando em um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, com o agronegócio representando uma parte substancial do PIB do país e desempenhando um papel vital na segurança alimentar global. As questões ambientais e de sustentabilidade tem recebido atenção e esforços para conciliar o crescimento do agronegócio com a conservação ambiental.

Outro aspecto de grande relevância é o papel fundamental na geração de empregos e no aumento da renda no país. O setor agrícola e pecuário emprega uma grande quantidade de trabalhadores diretos e indiretos, abrangendo desde pequenos produtores familiares até grandes empresas agroindustriais.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, o agronegócio é responsável por gerar aproximadamente 27% dos empregos no Brasil, destacando-se como uma importante fonte de trabalho no país.

Para destacar ainda mais a importância do setor, o agronegócio emprega 1 em cada 3 trabalhadores no Brasil, o que demonstra sua influência significativa na economia e no mercado de trabalho do país. A população ocupada no agronegócio brasileiro somou 28,3 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2023, conforme nova metodologia aplicada pelo Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Trata-se de um novo recorde da série histórica, iniciada em 2012. Com isso, a participação do setor no total de ocupações do Brasil foi de 26,9% no segundo trimestre de 2023.

O número de pessoas atuando no agronegócio no segundo trimestre de 2023 aumentou 0,8% (aproximadamente 220,64 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2022.

No aspecto político, o país desenvolveu programas e ações voltadas para o estímulo da produção agrícola, como o Plano Safra, que oferece crédito subsidiado aos agricultores, e o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, que visa a ampliação da produção sustentável.

As políticas de proteção e estímulo às exportações, como acordos comerciais e programas de apoio à internacionalização das empresas do agronegócio são realidade atualmente.

Por seu lado as instituições ligadas ao setor também desempenham um papel fundamental no agronegócio brasileiro. O país conta com diversos órgãos públicos voltados para a agricultura, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), responsável por formular e executar políticas agrícolas, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que desenvolve pesquisas e tecnologias inovadoras para o setor. O setor do agropecuário possui diversas associações e cooperativas, que representam os interesses dos produtores e auxiliam no fortalecimento da cadeia produtiva.

Olhando para as perspectivas futuras, o agronegócio brasileiro enfrenta desafios e oportunidades. O Brasil tem capacidade de ampliar sua produção agrícola, diversificar culturas e conquistar novos mercados, entretanto, é necessário enfrentar desafios como a busca pela sustentabilidade ambiental, o aumento da produtividade, a redução das desigualdades regionais, a qualificação da mão de obra e o acesso às tecnologias, promover a inclusão social, fortalecer a agricultura familiar, contribuindo para a segurança alimentar global.

“Agronegócio: de “patinho feio a cisne” da economia brasileira”, refere-se à transformação do setor agropecuário brasileiro de uma atividade muitas vezes subestimada para um pilar fundamental da economia do país, sendo responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A transformação do “patinho feio” em “cisne” da economia brasileira está relacionada à sua crescente importância global, impulsionada pela produção de commodities agrícolas, como soja, milho, carne bovina, suína e aves.

Essa mudança de perspectiva tem reflexos positivos no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e na balança comercial do Brasil, como um dos principais players no mercado agrícola global.

Um dos principais indicadores do protagonismo do agronegócio brasileiro é o recorde de produção de grãos para a safra 2022/2023 estimada em 322,8 milhões de toneladas. O país é um dos maiores produtores mundiais de soja, milho, café, açúcar, entre outros alimentos. Essa diversidade permite que o Brasil seja um fornecedor global, atendendo diferentes demandas de consumo em diferentes regiões do mundo.

A expansão do agronegócio brasileiro tem impulsionado setores complementares, como transporte, logística, armazenamento e comercialização de produtos agrícolas. Essas atividades também geram empregos e aumentam a renda, uma vez que são necessários caminhoneiros, operadores de armazéns, profissionais de logística e comerciantes para movimentar e distribuir os produtos agropecuários.

É importante ressaltar que o desenvolvimento do agronegócio brasileiro também contribui para o desenvolvimento socioeconômico de áreas rurais, especialmente em regiões mais afastadas e menos favorecidas. A atividade agrícola gera oportunidades de trabalho e renda, evitando o êxodo rural e melhorando as condições de vida das comunidades locais.

O agronegócio brasileiro tem se destacado pela adoção de práticas sustentáveis ​​e responsáveis. O país possui uma legislação ambiental reconhecida com uma das mais avançadas do mundo, que impõe regras para a preservação de áreas naturais e o uso sustentável dos recursos naturais. A agricultura de baixo carbono e a produção integrada são exemplos de medidas adotadas pelo setor para minimizar os impactos ambientais.

O protagonismo do agronegócio brasileiro traz benefícios não apenas para o setor, mas também para a economia do país como um todo. A produção agrícola impulsiona os demais setores, como indústria, comércio e serviços. As exportações de produtos agrícolas são benéficas para a balança comercial brasileira, gerando superavit, empregos e fortalecendo a economia nacional.


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