Globalização: Um por todos e todos por um!

Posted on 28 de janeiro de 2019

Há algumas semanas, falamos neste espaço sobre as mudanças pelas quais nossa sociedade atravessa, principalmente no âmbito econômico, com o apogeu do chamado “capitalismo informacional” (ou cognitivo ou do conhecimento), ocorrido no período pós-Guerra-Fria e marcado pelo o avanço da globalização e das tecnologias da comunicação e da informação.

A globalização corresponde aos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política das nações ao redor do mundo – processos estes que sofrem impulsionamentos graças ao barateamento dos meios de transporte e comunicação ocorrido no final do século XX. Ela é resultado direto da necessidade dinâmica do capitalismo pós-moderno de solidificar o conceito de “aldeia global”, permitindo maiores mercados para as grandes economias. Desta forma, o capitalismo solidificou-se como um sistema completo e maduro, uma vez que, ao se expandir por todo o planeta, foi responsável pela unificação mundial do ciclo econômico.

O termo “globalização” é relativamente novo, tendo entrado em pauta no final da década de 80 e crescido exponencialmente desde então. No ano 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, a poluição do ar e o excesso de pesca do oceano também estão ligados à globalização.


Nesse contexto, a globalização econômica aparece como um dos mais importantes aspectos do capitalismo pós-moderno. Ela representa a crescente integração e interdependência das economias nacionais, regionais e locais em todo o mundo através de uma intensificação do movimento transfronteiriço de bens, serviços, pessoas, tecnologias e capital. A globalização econômica compreende principalmente a globalização da produção, das finanças, dos mercados, da tecnologia, dos regimes organizacionais, das instituições, das empresas e do trabalho.


As transformações econômicas mundiais advindas da globalização econômica são fundamentais para entendermos as dinâmicas de poder estabelecidas pelo grande capital e, também, pelas grandes corporações transnacionais – fazendo com que a sociedade questione, inclusive, o tamanho e a relevância dos Estados no cenário econômico. Os blocos econômicos, então, surgem sob a ideia de diminuir a influência do Estado na economia e comércio mundiais. Mas, a formação destas organizações supranacionais fez com que o estado passasse a garantir a paz e o crescimento em períodos de grave crise econômica.


O mundo conta, atualmente, com cinco grandes blocos econômicos: a União Europeia, o NAFTA, o Mercosul, a Alca e a Apec. O jogo de poder está presente de maneira intrínseca à maioria deles, ou seja, existem países líderes em cada um desses blocos, que acabam submetendo os países de menor influência e poderio econômico do acordo aos seus interesses – por este motivo, muitas vezes os mais fracos acabam saindo prejudicados desta relação.


Por esse e outros motivos, o mundo tem vivenciado uma certa “crise” dos blocos econômicos, o desgaste das relações entre os países. O mais recente e comentado episódio de 2018 foi o “Brexit”, a possível saída do Reino Unido da União Europeia, que chegou a ser aprovada e causou danos inenarráveis na economia do país, da Europa e do mundo como um todo.


O episódio do Brexit ilustra com acurácia a maneira com que as mudanças globais, sejam elas de ordem tecnológica ou organizacional, têm como principais consequências a interferência nos padrões de competitividade, a desregulamentação e a redução progressiva das fronteiras nacionais. As interações transnacionais se intensificam a cada dia e assumem formatos distintos, variando desde a internacionalização do sistema produtivo e financeiro à disseminação e compartilhamento de informações de toda natureza. Esse processo coloca a sociedade como um sistema aberto, onde os acontecimentos locais podem ser influenciados ou condicionados por fatos ocorridos em localidades distantes.


O famoso “G7”, grupo que compreende Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos comandou por décadas a economia mundial. A partir de 2008, começamos a perceber o surgimento de novas lideranças, com o deslocamento das atenções da economia voltadas para a Ásia e a criação de instituições internacionais pela China, sinalizando o cenário de um mundo dividido.


Pensando estrategicamente… a globalização do mundo vem refletindo uma nova etapa de expansão do capitalismo, exigindo novas formulações políticas e econômicas, na proporção em que se desfazem, gradativamente, as hegemonias mercadológicas e as acomodações estratégicas edificadas ao longo dos anos. Paralelamente, novos polos de poder e blocos geopolíticos são revelados dando uma nova conformação à expansão capitalista.


Não é novidade para os especialistas que a globalização se encontra em uma verdadeira “sinuca de bico”, onde as organizações internacionais e os organismos multilaterais terão de incluir os novos “polos” de poder nesse novo cenário geopolítico. Chegamos a uma situação onde todas as decisões tomadas no presente terão reflexos de grande alcance para o futuro da humanidade.


A frase “Um por todos, todos por um”, o famoso lema dos Três Mosqueteiros, denota a importância em manter a lealdade mútua independente das circunstâncias e provações. Esta deve ser a palavra de ordem nos caóticos tempos de globalização. A questão, agora, é garantir que nada seja encarado sob uma ótica unilateral, e sim levando em conta a colaboração. A decisão dos caminhos futuros deve estar amparada em um plano de internacionalização que atestará sua viabilidade neste mundo em transformação a partir da adoção de objetivos claros, de longo prazo, capazes de articular uma visão da realidade das próximas décadas. Este plano é imprescindível para crescermos de forma coletiva e sustentável.


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