O “empreendedorismo de Estado” existe no Brasil?

Posted on 10 de novembro de 2018

Não é incomum escutarmos por aí que fulano ou ciclano, para fugir da crise ou garantir aquele extra no final do mês, começou a empreender. Essa realidade tem se tornado cada vez mais corriqueira no Brasil, graças à instabilidade política e econômica que enfrentamos nos últimos anos.

O empreendedorismo, por definição, se apresenta como um termo majoritariamente utilizado no âmbito empresarial. Ele representa a iniciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresas já existentes, estando, muitas vezes, relacionado à criação de empresas ou novos produtos e serviços – iniciativas que normalmente envolvem inovações e riscos. De maneira geral, o ato de empreender possui uma relação estreita com a inovação.

Por estes motivos, a palavra “empreendedor” sempre esteve associada aos grandes empresários dos grandes centros comerciais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, para se tornar um empreendedor, você não precisa estar em uma capital, ter títulos ou mesmo condições financeiras abastadas – afinal, as pessoas com estas características representam uma minoria entre os brasileiros.

O “espírito empreendedor” é o que deve mover a cabeça daqueles que querem inovar. Persistência e motivação são as palavras-chave, já que – embora se posicione como um dos países mais empreendedores do mundo – o Brasil ainda é carente na questão do incentivo aos microempresários. Mesmo com os obstáculos e dificuldades, nosso mercado empresarial é formado majoritariamente por micro ou pequenos negócios.

Como dito anteriormente, o empreendedorismo brasileiro não está ligado apenas aos avanços tecnológicos e de processos, mas também às dificuldades socioeconômicas. Entretanto, a burocracia e a falta de preparo estão na “parte submersa” do iceberg, em contraste com a revolução tecnológica e a disponibilidade de tecnologias que ajudam a gerir e operar empresas.

Nos últimos anos, nosso país tem marcado presença na lista de países mais empreendedores do mundo, estando, inclusive, à frente de países como Argentina, México e dos países do BRICS (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Com uma taxa de empreendedorismo inicial de 21%, os brasileiros superam os chineses em oito pontos percentuais. Índia e África do Sul têm, respectivamente, 11% e 9%, de acordo com dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

Ainda em números, estudos afirmam que quatro em cada dez brasileiros estão envolvidos na criação de uma empresa, representando um aumento na taxa de empreendedorismo – a maior dos últimos 14 anos. Hoje, o Brasil tem uma TEA de 21, na frente de países como Estados Unidos e China, mas ainda atrás dos vizinhos Chile e Equador. Entretanto, a volta do empreendedorismo por necessidade é preocupante, já que demonstra a existência de empresas menos inovadoras e mais despreparadas.

Mesmo com esta boa colocação, ainda estamos em uma situação de atraso em relação aos países mais avançados economicamente, como os EUA, o Canadá e a Austrália, que buscam empreendimentos focados e impulsionados por inovação. Vale destacar que se tratam de países com maior renda per capita e índice de desenvolvimento que o Brasil, demonstrando uma ligação direta entre o tipo de empreendimento e o contexto socioeconômico no qual os empreendedores estão inseridos.

E, aqui, entra a problemática que é a raiz de grande parte dos problemas do Brasil: a displicência do Estado em relação ao empreendedorismo. Neste caso em especial, ela está intimamente ligada à incapacidade dos governos em reconhecer que no empreendedorismo está a semente do desenvolvimento, do progresso e da prosperidade da Nação. Assim, estando confortável em sua visão obtusa do desenvolvimentismo, o Estado não enxerga que um empreendedorismo forte pode agir como um fator decisivo para o combate ao desemprego.

Pensando estrategicamente, é hora de compreendermos as mudanças pelas quais estamos passando enquanto sociedade, uma vez que elas causam grandes impactos no cotidiano das organizações e passam a exigir quebra de paradigmas. Precisamos enumerar, analisar e refletir sobre as perdas e ganhos trazidos por essas mudanças e transformações, fazendo uma avaliação cuidadosa deste cenário, buscando sempre a melhoria, a modernização e a integridade das nossas organizações.

Os grandes gestores e idealizadores da “iniciativa Brasil” não se deram ao menor trabalho de cumprir com as etapas previstas no lançamento de um empreendimento tão grandioso como é o caso de um país. Negligenciaram, desde o primeiro momento, as práticas essenciais na criação e desenvolvimento de negócios. Os governantes precisam ajudar a transformar o Brasil em um país com bases sólidas para seu crescimento. Cabe a nós, brasileiros, a exigência de uma implantação da prática do Empreendedorismo de Estado. Só assim seremos capazes de transformar esta startup chamada Brasil em uma Nação empreendedora e progressista, onde as oportunidades sejam para toda a sociedade.


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