“Independência ou Morte!”: Um grito que ecoou há 196 anos…

Posted on 10 de setembro de 2018

Há quase dois séculos, neste mesmo dia, um Riacho do Ipiranga era palco de um acontecimento que mudou o curso da história brasileira: o grito “Independência ou Morte!”, de D. Pedro I, que ecoou daqui até a Europa e emancipou, oficialmente, o Brasil do domínio português.

Mas esta conquista não veio de uma hora para a outra: como tudo no Brasil, nossa Independência como Nação foi um processo, praticamente um parto. Iniciado em meados de 1820, o processo de independência colocou em violenta oposição os reinos do Brasil e de Portugal. Como era de se esperar, a Coroa portuguesa não possuía interesse algum em emancipar a nação brasileira – uma vez que perderia uma de suas principais colônias e fontes de renda.

Neste processo, dois eventos se destacam. Com a revolução liberal eclodida no reino português, a família real foi forçada e retornar para Lisboa. D. Pedro I, então com 15 anos, foi nomeado Príncipe Regente – e protagonista oficial dos eventos que marcaram a independência brasileira. Tudo começou com o famoso Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822. Pressionado pela coroa portuguesa a retornar à Europa e ciente do descontentamento do povo com o regime imposto por seu pai, D. Pedro proferiu a famosa frase: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!”

O segundo, é claro, foi o famoso “Grito do Ipiranga”. Na volta de uma viagem a Santos, que D. Pedro teve de tomar uma decisão, já que sua caravana foi interceptada por cartas distintas do Correio da corte. Mensagens em tom de ultimato chegavam de Portugal, exigindo o retorno do Príncipe e, inclusive, ameaçando o envio de tropas para dominar a colônia. A outra carta era de José Bonifácio, seu conselheiro, que o aconselhava a proclamar a Independência e tornar-se imperador do Brasil. Por isso, às margens do Riacho Ipiranga, o então príncipe regente tomou uma decisão e proclamou a Independência do Brasil. Cerca de um mês depois, D. Pedro foi proclamado Imperador do Brasil.

Desde lá, temos vivido uma crise permanente. A independência, assim como tudo no Brasil, nasceu de um mar inquieto, cujos ventos representavam o enfraquecimento do sistema colonial e o surgimento de revoltas como a Pernambucana, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Porém, no fim das contas, foi declarada pelo medo de D. Pedro I de enfrentar o “xilindró” e a pressão da burguesia brasileira. Como já comentamos por aqui a história está fadada a se repetir. Olhando para ela, é possível percebermos que a independência do Brasil aconteceu em uma esfera política, exatamente como acontece na crise política, econômica e institucional que enfrentamos nos últimos anos. A falta do nacionalismo e da preocupação genuína para com os interesses do povo não é de hoje – ela é um reflexo advindo desde o nascimento de nossa nação.

O resultado desses 196 anos de desorganização e descaso? Basta olharmos para nosso atual – e deprimente – cenário político. O que encontramos é um aparelho político e burocrático completamente falido, composto por três poderes que não funcionam em harmonia e perderam os limites entre si, com membros contaminados pela corrupção e operando em favor de grupos já privilegiados. O caos está instaurado e, por causa dele, a população mais simples e desprovida de recursos é incapaz de assegurar seus direitos e, por isso, acabam pagando a conta, ainda que não tenham a completa noção disso.

No Brasil, não há lealdade política e comprometimento com a Nação. O que vemos, atualmente, é um puro e simples jogo de interesses. A política no Brasil é um meio de vida, uma “profissão”, e não combate de ideias com o objetivo de construir uma sociedade mais justa para todos. É evidente que o “Grito do Ipiranga”, em 7 de setembro de 1822, ficou bonito apenas para os livros de História. A tão sonhada Independência foi, é e sempre será uma mera utopia.

Pensando estrategicamente, afirmo que, assim como eu, muitos outros brasileiros de coração, lamentam a “sorte” deste grande Brasil. Diante dos prospectos apresentados até agora e a pouca esperança de melhora, muitos desejam procurar um outro país para permanecer por algum tempo, evitando testemunhar calamidades maiores de nossa pátria. O Brasil sempre teve e ainda tem todas as condições para ser grande – mas sua Independência de fato ainda não aconteceu, e só deve ocorrer quando o bom senso, o juízo, a probidade e o amor à pátria forem superiores à gana e ao egoísmo de nossos governantes. Por isso, repito a tão emblemática frase de D. Pedro: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!”. E fico, porque apesar de todos os apesares, o Brasil é minha Pátria Mãe – por isso, sigo com a esperança de assistir, um dia, a tão sonhada Independência contemplando toda a nossa sociedade.


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