Brasil: a globalização os blocos econômicos e a política externa brasileira.

Posted on 19 de junho de 2018

As relações internacionais são essenciais para o crescimento e a prosperidade de um país. Assim como em nossas vidas individuais, o relacionamento é capaz de encurtar caminhos, construir pontes e ditar os locais a que pertencemos na sociedade. O mesmo acontece no âmbito das economias globais – não obstante, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as maiores e mais influentes economias têm se organizado no que chamamos de “blocos econômicos” – associações criadas entre os países com o intuito de estabelecer relações econômicas entre si. Alguns exemplos dessas organizações supranacionais são o NAFTA, o Mercosul e a União Europeia.

Estudar e debater sobre blocos econômicos tem representado desafio cada vez maior, tendo em vista a dinâmica macroeconômica que esta temática enfrenta na atualidade. As primeiras organizações capazes de notar as vantagens desse processo foram as capitalistas, possibilitando acordos que auxiliavam na garantia de mercados consumidores cada vez mais intensos para a venda de produtos industrializados como também para a disponibilização de matéria-prima.

No entanto, é notável que a maioria dos blocos econômicos está passando por uma revisão de comportamento por parte dos países membros: enquanto uns enfrentam problemas de ordem econômica, outros enfrentam dificuldades de ordem político-ideológica. Há, ainda, aqueles países cujos líderes não compreendem que a participação em um bloco econômico requer envolvimento em questões de interesses comuns aos seus membros – um dos maiores equívocos possíveis no que diz respeito às blocagens, uma vez que a percepção da multilateralidade deve ser predominante no comportamento dos países membros.

Em meio às crises políticas e econômicas atravessadas por boa parte das economias do mundo e às sensíveis mudanças no cenário dos blocos econômicos, chega a hora de nos perguntarmos: afinal, o Brasil adota uma política externa?

Nossas relações internacionais são fundamentadas no artigo 4º da Constituição Federal de 1988, que determina “princípios da não-intervenção, da autodeterminação dos povos, da cooperação internacional e da solução pacífica de conflitos” no relacionamento do Brasil com outros países e organismos multilaterais. Muito por conta disso, nosso relacionamento com grandes nações é extremamente facilitado, tendo o Brasil uma das maiores redes globais de missões diplomáticas, mantendo relações diplomáticas com todos os Estados-membros das Nações Unidas, bem como a Palestina e a Santa Sé. Números de 2013 apontam 227 postos brasileiros no exterior, sendo 139 Embaixadas, 54 Consulados-Gerais, 7 Consulados, 11 Vice-Consulados, 13 missões/representações e 3 escritórios no exterior. Apesar da extensão dessas relações, esta postura pragmática nos coloca em uma situação sensível perante às grandes economias mundiais.

Além disso, desde o início dos anos 90, o Brasil tem solidificado suas relações com os países vizinhos, o que culminou na criação do Mercosul, um bloco formado por Argentina, Uruguai, Venezuela, Paraguai e Brasil – com uma zona de livre comércio criada em 1995. Muitos sul-americanos enxergam a formação deste bloco como uma arma contra a soberania norte-americana na região.

Os últimos acontecimentos no cenário da política internacional, envolvendo os principais protagonistas do cenário (Estados Unidos, China, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra e outros) têm construído um cenário de tensões e instabilidades ao redor do globo. Chega o momento de nos perguntarmos se eles representam, de alguma forma, nosso fracasso como economia em desenvolvimento? Será que, mesmo com os inúmeros avanços ocorridos desde os anos 90 e um potencial extraordinário a ser desenvolvido, nós somos relegados a um segundo plano no cenário dos blocos econômicos?  Pensando estrategicamente, é inegável o nosso potencial enquanto nação produtora exportadora, no entanto, enquanto não tivermos uma política externa à altura de nossa produção e que seja clara o suficiente para nortear nossas ações neste mundo globalizado, seremos eternamente classificados como os outsiders da economia mundial.


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