O Brasil perde um grande Estrategista e Empreendedor com a morte de Abílio Diniz
Posted on 6 de março de 2024
Em minha coluna, Pensando Estrategicamente, eu não poderia deixar de homenagear o Estrategista, Empreendedor e Empresário brasileiro Abílio Diniz.
Afinal quem foi Abílio Diniz?
Abílio Diniz foi uma figura emblemática no cenário empresarial brasileiro, cuja jornada de sucesso e resiliência serve de inspiração para muitos. Ele não apenas transformou o Grupo Pão de Açúcar (GPA) em uma potência do varejo, mas também deixou sua marca indelével na maneira como o varejo é conduzido no Brasil.
Nascido em São Paulo, em 28 de dezembro de 1936, falecido em 18 de fevereiro de 2024. Abílio Diniz ingressou no mundo empresarial seguindo os passos de seu pai, Valentim Diniz, que fundou a primeira loja do Pão de Açúcar em 1948. Com uma visão empreendedora e um forte senso de inovação, Abílio assumiu a liderança da empresa nos anos 1950, impulsionando sua expansão e modernização.
Sob sua liderança, o GPA não apenas cresceu em número de lojas, mas também inovou em práticas de gestão e marketing, introduzindo no Brasil conceitos como a hipermercado e o clube de fidelidade. Abílio também foi pioneiro na adoção de práticas sustentáveis e responsabilidade social empresarial, entendendo que o sucesso dos negócios está intrinsecamente ligado ao bem-estar da sociedade.
A fundação da primeira unidade do Supermercado Pão de Açúcar em 1959, por Abilio Diniz em sociedade com seu pai, o imigrante português Valentim Diniz, marcou o início de uma era que transformaria o varejo brasileiro.
Sob a gestão de Abilio Diniz, o GPA não apenas se tornou o maior varejista do Brasil, mas também um exemplo de inovação e empreendedorismo. A década de 1970 foi marcada por aquisições estratégicas, introduzindo no Brasil o conceito de hipermercado que era novidade na época.
A diversificação dos negócios na década de 1980, reflete a visão estratégica de Abilio Diniz em explorar novos segmentos de mercado. No entanto, foi também nesse período que o GPA enfrentou desafios significativos, incluindo disputas familiares e um ambiente econômico adverso no Brasil, levando à decisão de focar exclusivamente no setor de varejo e vender ativos não relacionados.
A liderança de Abilio Diniz foi posta à prova nos anos 1990, quando assumiu a presidência do Pão de Açúcar e, em meio a crises, implementou medidas drásticas de corte de custos, fechamento de lojas e demissões para evitar a falência do grupo. Sua gestão arrojada e inovadora se tornou ainda mais evidente com iniciativas pioneiras, como o lançamento do Pão de Açúcar Delivery e a realização da oferta pública inicial de ações (IPO) na Bovespa e, posteriormente, a captação de recursos significativos na Bolsa de Nova York.
A história de Abilio Diniz e do GPA destaca-se como um marco no empreendedorismo brasileiro, demonstrando como a visão, a resiliência e a inovação podem transformar um negócio familiar em uma das maiores potências varejistas do país.
A rápida expansão do Pão de Açúcar esbarrou em dificuldades financeiras e na busca por investimentos, Abilio Diniz fechou um acordo com o Grupo Casino, grupo de varejo francês voltado para o mercado de massa. A aquisição minoritária em 1999 deu fôlego ao Pão de Açúcar para prosseguir em suas aquisições, que incluíram Sendas e Sé. Abilio assumiu a presidência do Conselho de Administração em 2003, abrindo espaço para o primeiro presidente fora da família.
Em 2005, foi criada uma nova holding e o controle do GPA passou a ser de 50% para a família Diniz e os outros 50% para o Casino. Pelo acordo com o Casino, Abilio Diniz permaneceria na presidência do Pão de Açúcar mesmo depois da transferência do controle do grupo brasileiro para os franceses. Uma cláusula estipulava que ele deixaria o cargo em 2012, quando então a Cassino seria acionista majoritária.
Aproveitando outra tendência, o GPA se associou ao Assaí Atacadista, ingressando no chamado mercado do “atacarejo”, lojas que vendem com preços mais baixos em grande quantidade e acabam suprindo os pequenos comerciantes e restaurantes.
A disputa pelo controle do Pão de Açúcar estourou em 2011. Ele chegou a propor uma fusão com o Carrefour, o grande rival do Casino na Europa, e procurou autoridades do governo federal para levar a iniciativa adiante. O fracasso da manobra levou o Casino a assumir o comando em 2012, um movimento que já havia sido anunciado desde 2006, quando o grupo francês comprou o controle. A disputa se estendeu aos tribunais, até que foi fechado um acordo e em 2013, Abilio deixou sua cadeira no conselho — uma cobrança do Casino, entre outras, desde que ele passou a acumular a presidência do conselho da BRF. Em 2013, o Pão de Açúcar seria reconhecido como o maior do Brasil, com 2.100 lojas e mais de 160 mil funcionários. Já em 2021, o GPA vendeu mais de 70 lojas da marca Extra Hiper ao Assaí e deixou de operar no modelo de hipermercados no país. Em 2022, Abilio Diniz e o Pão de Açúcar voltaram a ser notícia com os rumores de que ele poderia voltar a participar da empresa, mas não houve comunicado oficial do GPA. O mercado, por sua vez, teve mais uma prova do grande prestígio do empresário.
Abílio também foi conhecido por sua paixão pelo esporte e pela saúde, sendo um praticante e incentivador da vida saudável, o que transparecia em suas empresas e em sua filosofia de vida.
Seu legado vai além do sucesso empresarial. Abílio Diniz dedicou-se a diversas causas sociais e educacionais, contribuindo para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao homenagear Abílio Diniz, estamos não apenas reconhecendo suas contribuições para o mundo dos negócios, mas também celebrando sua visão de futuro, sua resiliência diante dos desafios e sua inabalável crença no potencial humano. Ele deixa uma lacuna no cenário empresarial brasileiro, mas sua influência e ensinamentos continuam a inspirar as atuais e futuras gerações de empreendedores. Abílio Diniz será sempre lembrado como um estrategista brilhante, um líder inspirador e um cidadão exemplar cuja vida foi pautada pela paixão, determinação e um profundo compromisso com o progresso do Brasil.
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