A REPRISE: VALE TUDO NA POLÍTICA BRASILEIRA

Posted on 12 de janeiro de 2023

O vale tudo é uma situação de aflição ou de necessidade em que todos lutam individualmente, geralmente sem olhar os meios para conseguirem os seus fins. O Vale Tudo possui com isso, poucas regras, o suficiente para preservar a integridade física dos adversários, bastante amplo em termos técnico-táctico com um sistema muito próprio de preparação e desenvolvimento bastante complexo devido à exigência das disputas.

Assim como na luta marcial, a lógica da disputa política e a aposta mais alta é vencer o adversário. As comparações encerram por aqui. Enquanto na luta o objetivo é vencer o adversário, na política, temos uma triste indicação de oportunismo e de desrespeito ao sofrimento da sociedade, prevalecendo os comportamentos que fazem valer a essência da Lei de Gerson – levar vantagem em absolutamente TUDO, não importando por quais meios. 

Estranhamente, na hora de unir forças para defenderem os interesses do povo, poucos políticos se dispõem a fazê-lo, porém, quando se trata de manter seus mesquinhos e inconfessáveis privilégios, logo deixam de lado suas diferenças, numa demonstração de rapinagem explicita – caso do orçamento secreto e do fundo partidário. 

No fundo, ninguém está preocupado com as tragédias nacionais como é o caso do Covid-19 que vitimou mais de 695 mil brasileiros – Outro exemplo recente foi o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), um dos maiores desastres-crimes ambientais do Brasil que completa quatro anos no próximo 25 de janeiro de 2023. O rompimento da barragem da mina da Vale no Córrego do Feijão, provocou a morte de 272 pessoas, sendo que seis continuam desaparecidas, além de uma série de irreparáveis danos à natureza – A pobreza e a extrema pobreza são flagelos que continuam, ano após ano, a ser uma grande marca na sociedade brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, o país tem 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, de acordo com critérios do Banco Mundial.  Esse número se somado aos que estão na linha da pobreza, chegam a 25% da população do país – Temos também o número de assassinatos no país que é assustador, apesar de ter caído 3% nos primeiros nove meses de 2022, chegou a 30,2 mil assassinatos segundo o Monitor da Violência, uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apesar da queda, o Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios do planeta e ocupa a posição de oitavo país mais violento do mundo, de acordo com ranking da UNODC, o escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

Reflitam comigo: No Brasil, as tragedias nacionais viram temas centrais do marketing político, uma demonstração de profundo desrespeito aqueles que vivenciam a dor de uma perda. Uma triste indicação de oportunismo político e de flagrante desrespeito aos anseios do povo. Em tudo, fica evidente o caráter oportunista de cada um nas disputas eleitorais. Para essa turma, o que menos importa são as prioridades de uma Nação e a vontade popular.

Não sabemos de nada, o tempo todo estamos respirando esse ar de dúvida, quando nem sabemos se podemos planejar o minuto seguinte ou se podemos confiar em alguém de verdade. 

 É necessário que o povo tome para si as rédeas de seu próprio destino e liderar a longa batalha contra a corrupção e os desmandos, delegando para pessoas sérias a incumbência da execução das atividades para as quais foram escolhidos.  Os delitos atingem níveis surpreendentes: fraudes, estelionatos eleitorais, desvios de verba, sonegação de impostos, nepotismo. Enredos dignos do horário nobre das televisões.

Por isso, é vergonhoso constatar que diante desses fatos alguns políticos os tratem pela ótica de conquistar votos a qualquer custo. Políticos com esse perfil precisam ser banidos do mapa, pois são cumplices e se alimentam daquilo que mata à população. 

E é claro que esse fenômeno tem refletido em nosso aparato político e burocrático, resultando em guerras entre poderes, investigações partidárias, legislação em causas próprias, ataques entre figuras políticas etc.

Esses comportamentos limitam as capacidades dos agentes de transformação social (líderes políticos, de movimentos sociais etc.) de receber e processar críticas, mas também de efetuar a autocritica, desconstruindo e problematizando suas ações, pensamentos e posturas diante do cenário sociopolítico do país.

Precisamos, enquanto Nação, compreender que as práticas do divisionismo da sociedade só enfraquecem nossas forças e alimentam interesses de grupos políticos que tem como objetivo a aquisição de vantagens para si. Assim, escutamos cada vez menos uns aos outros, e essa estratégia cínica de manipulação da informação surte efeito positivo para os poderosos, lançando sementes de medo e ódio na população e lançando nosso país nas mãos de uma elite do atraso. Muito se fala sobre a corrupção e da manipulação no meio político, mas é preciso entendermos que esse quadro negativo só pode ser mudado por meio de nossa participação na própria política.

Pensando estrategicamente: Não é chegada a hora de nos unirmos em prol de uma reforma ampla do aparelho do Estado? Não podemos esperar um ano eleitoral, a união pode fazer total diferença, culminando em mudanças sistêmicas e democráticas de nossas lideranças e, consequentemente, nos rumos que virão a ser tomados nos próximos anos em prol do destino da nação.

Em sua próxima discussão política, te convido a pensar estrategicamente e não se deixar levar pelo “nós contra eles”. Antes de partir para os ataques, lembre-se do velho e sábio dito popular: “Unidos venceremos, divididos cairemos”.

As responsabilidades precisam ser assumidas por todos. Os governos nos três níveis precisam colocar de lado posições ideológicas e doutrinárias e pensar no bem-estar da população.


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