Brasil: nota zero em Educação Financeira

Posted on 19 de abril de 2019

Quase todos os dias ouvimos alguma pessoa reclamando da falta de dinheiro ou que o salário não dura mais do que dez dias na conta bancária, principalmente depois de pagar os famosos “boletos”. Com tantas contas, taxas e impostos, o dinheiro “foge” das nossas mãos. Essa é a dura realidade de milhões de brasileiros e não temos como negá-la, visto a instabilidade econômica que assombra o nosso país há alguns anos.

Com o surgimento do capitalismo, a sociedade precisou se adaptar ao novo conceito de dinheiro e suas variáveis. Ele é usado na troca de bens e compra de bens, serviços, mão de obra, divisas estrangeiras e em diversas transações financeiras. A partir do dinheiro, as relações de troca, domínio e poder fundamentaram as bases socioeconômicas vigentes até a contemporaneidade.

Na forma de cédulas e moedas, o dinheiro é um fenômeno mercadológico, produzido e controlado pelo Estado de cada país. A maioria dos países têm uma moeda reconhecida oficialmente, da qual o governo possui monopólio sobre sua emissão – exceto o euro (moeda presente em diversos países da Europa) e o dólar (considerada a “moeda internacional”).

O dinheiro, na sociedade ocidental moderna, é essencialmente um símbolo, e as notas são o tipo mais disponível para troca e compra. Porém, existem inúmeros outros itens com características de dinheiro: de metais (ouro e prata) e pedras preciosas, passando por obras de arte, até chegar nos mais inimagináveis, como os cigarros. Cupons, passes, cheques, vales etc. são algumas formas de substituir a moeda.

Outro exemplo de substituição de “dinheiro vivo” é o cartão de crédito, forma de pagamento eletrônico que teve uma expansão de uso considerável, principalmente no Brasil, após a crise econômica americana de 2008. O cartão de crédito é um meio de pagamento fácil e rápido, utilizado para comprar um bem ou contratar um serviço de valor alto, geralmente parcelado.

Chegamos ao poder de compra da população brasileira. Ele é a capacidade de obter bens, mercadorias e serviços e está ligado diretamente à inflação, cabendo ao Banco Central estipular as metas e políticas monetárias do país. Quem lê jornais ou assiste aos noticiários na TV, já se deparou com frases típicas como “a inflação está acumulada” ou “a meta de inflação subiu”. Isto deve-se ao fato de que é a inflação quem define o nosso poder aquisitivo.

Nosso poder de compra sofreu grandes variações nas últimas três décadas. Muitas delas ocorreram no mesmo ano, inclusive. O pico da inflação brasileira foi em março de 1990, quando atingiu a marca de 83,95% num único mês. Na década de 80, por exemplo, o povo brasileiro era 15 vezes mais “rico” que o chinês, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2016, pela primeira vez, a China teve o poder aquisitivo maior que o Brasil.

Com esta deflação e complexidade da economia brasileira, precisamos administrar as nossas finanças a fim de fazê-las render o máximo possível. A educação financeira é importante justamente porque nos auxilia na administração dos nossos rendimentos, nas decisões de poupança e investimento, no consumo consciente e até na prevenção de situações fraudulentas.

De forma resumida, educação financeira pode ser entendida como o conjunto de informações que auxiliam as pessoas a lidarem com a sua renda, gerindo o dinheiro de forma responsável. Infelizmente, educação financeira não é uma disciplina que aprendemos na escola (salvo raras exceções), mas é uma das que mais faz diferença na vida prática.

Nem todo mundo terá acesso aos livros e às aulas de renomados profissionais de finanças. Então, duas dicas simples são: poupe o que puder e dê bons exemplos, independentemente se tem filhos ou não. Todo o aprendizado financeiro que adquirir será aproveitado pelas pessoas à sua volta, formando, assim, uma grande corrente de vida financeira saudável.

Pensando estrategicamente… quem despreza um tostão não junta um milhão! A quantidade de dinheiro que cada pessoa tem disponível não altera seu caráter, ou justifica suas más atitudes. Todos nós conhecemos, ou já ouvimos falar, de alguém que era extremamente rico e conseguiu falir. É porque não existe fórmula pronta ou mágica.

Trabalhe, poupe, invista e os rendimentos fluirão naturalmente para suas mãos. A grande lição é: trabalhe para que todos à sua volta tenham condições de uma vida digna. Compartilhe suas experiências para deixar um legado de pessoas éticas, que saberão servir-se do dinheiro – e não ser escravo dele. Dinheiro não aceita desaforo. Amor não aguenta indiferença. Economize o primeiro, mas use à vontade o segundo.


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