Empresa Familiar – Evoluir e crescer ou Estagnar e morrer?

Posted on 20 de janeiro de 2017

Toda empresa nasce de uma ideia e da vontade de um empreendedor. O grande fato é que ela também nasce sem muitas regras e sem normas claras, somente com muita vontade de produzir e vender seus produtos ou serviços e são gerenciadas pelo fundador e sua família.

            Toda empresa nasce de uma ideia e da vontade de um empreendedor.  O grande fato é que ela também nasce sem muitas regras e sem normas claras, somente com muita vontade de produzir e vender seus produtos ou serviços e são gerenciadas pelo fundador e sua família. É justamente por esses fatos que muitas dessas empresas, obtém um certo crescimento até chegar a estagnação e “quebrar” antes mesmo de completar cinco anos de fundação.

            É verdade também que 50% das empresas médias ou grandes, no Brasil, ainda são representadas por empresas com gestão familiar, que cresceram e ainda conseguem se manter de uma forma ou de outra. Por que isto acontece? Porque o mercado brasileiro não está totalmente aberto! Entretanto a tendência de globalização leva cada vez mais a esta abertura, o que deixará essas empresas em um verdadeiro precipício. Uma verdadeira batalha de David contra Golias, só que, no mundo corporativo, David pode perder a luta caso não mude imediatamente suas atitudes e ideologias paternalistas.

            As três principais características de gestões familiares são:

  1. ALTO GRAU DE PATERNALISMO – Esta característica reflete principalmente nos Recursos Humanos da empresa. Normalmente são contratados parentes dos principais gestores. Muitas vezes esta mão de obra não está qualificada para o cargo contratado. Normalmente o principal gestor, ou fundador da empresa, coloca alto grau de sentimentos no trato com seus funcionários, achando que é a melhor maneira de manter seus funcionários fiéis e crer, sinceramente, que eles “vestem a camisa da empresa” e não a deixaria por nada. Um tremendo engano!
  2. CENTRALIZAÇÃO DE PODER – Normalmente, nas empresas familiares, quem toma a decisão final é o fundador. É muito difícil mudar esta característica, pois devido ao paternalismo, o fundador acredita que só ele sabe o que fazer e como realizar todas as funções da empresa. Ele quer saber tudo o que acontece dentro do seu domínio. Muitas vezes ele possui gerentes ou chefes em determinados setores da empresa, mas sempre está lá interferindo diretamente nas funções de seus gerentes ou chefes.
  3. CAIXA DA EMPRESA MISTA – Esta talvez seja a principal característica que leva empresas familiares à quebra. É muito normal encontrarmos gestores, ou fundadores de empresa, que misturam o que é dinheiro da empresa, com o que é dinheiro pessoal. Normalmente as contas pessoais são repassadas para a empresa efetuar pagamentos e muitas vezes se utilizam do dinheiro da empresa para aquisição de ativos familiares. Outro grande erro!

Também é fato que muitas dessas empresas familiares já se preocupam em realizar mudanças, pois já percebem os efeitos da globalização e a única maneira de encarar a concorrência com corporações multinacionais é transformando-se também em corporação.

            Não quero aqui entrar na polêmica de definirmos o que são empresas familiares e o que não são, muitos autores o tentam fazer e não encontram um denominador comum. Quero mostrar, principalmente a necessidade de evolução administrativa para que empresas com grande potencial de crescimento e competitividade não caiam nas garras da concorrência de grandes corporações, seja qual for o mercado econômico que atuem. Essa ideia serve também para as micro e pequenas empresas, que representam mais de 70% da força ativa brasileira e que sonham em, um dia,  se tornarem uma média ou grande empresa. Para isso é necessário que a mentalidade mude já.

            Mas como administrar as mudanças necessárias?

            O melhor exemplo de evolução é a Cia Brasileira de Distribuição, ou simplesmente “Pão de Açúcar”. Que passou por várias crises, adaptações e superações até se transformar na corporação de hoje, que pode competir em igualdade com qualquer corporação multinacional. Obviamente o processo é penoso e doloroso, transformar uma empresa familiar em uma corporação, significa acabar com egos e preconceitos, na passagem do poder de um familiar para outro, ou de uma geração à outra. Mas não vamos nos prolongar em assuntos muito distantes, vamos fazer uma análise de como preparar uma empresa hoje, para que tenha um amanhã próspero.

            Se você é um empresário, empreendedor que a muito custo transformou sua empresa em seu ganha pão e de outras pessoas, mas que nunca pensou em uma evolução administrativa e já encontra algumas dificuldades na gestão dos negócios, é muito importante atentar a alguns detalhes. Uma empresa só se transforma em corporação dando inicio ao que chamo de aperfeiçoamento administrativo.

            Aperfeiçoar a administração não é muito fácil e requer uma capacidade grandiosa de enxergar erros em pequenos detalhes dentro da empresa; aperfeiçoar a administração requer algumas atitudes imediatas:

  1. ACABAR COM O PATERNALISMO –  É importante saber que uma empresa é uma “Pessoa Jurídica” e como tal, não tem sentimentos e muito menos filhos. Os colaboradores são colaboradores e como tais recebem uma remuneração pelo seu trabalho, assim como devem ser penalizados por erros cometidos e gratificados por trazerem benefícios à “Pessoa Jurídica”. A melhor maneira de se iniciar o fim do paternalismo é a criação  das normas e regras da empresa, que deverão ser seguidas e obedecidas por todos. O funcionário tendo conhecimento dessas normas e regras, já vai poupar algum tempo do gestor que, com certeza, teria que ocupar-se com pequenas coisas como, por exemplo, a vestimenta inadequada de um funcionário. É um detalhe simples, mas que pode acarretar perdas para empresa, já que um gestor terá que se preocupar com isso.
  2. PROFISSIONALIZAÇÃO – Você nunca terá um aperfeiçoamento da administração se mantiver todo o poder centralizado em suas mãos. É importante que o empresário tenha em mente, a necessidade de colocar os cargos, principalmente executivos e de direção, nas mãos de profissionais e não com familiares que não tenham a competência para exercer tal cargo. Esses executivos, dentro de cada área, devem ter poder decisório para a grande maioria das coisas dentro da empresa. A função do verdadeiro empresário, que será o presidente da companhia, deve estar centralizada, nas decisões estratégicas e de crescimento da empresa. Seu tempo não pode estar ocupado com tarefas administrativas cotidianas e, muito menos, perder o seu tempo “controlando os controles da empresa”.
  3. SEPARAR O CAIXA DO PRÓ-LABORE – Não é uma atitude fácil de se tomar, mas muito importante para o crescimento da empresas. O empresário ou presidente é uma “Pessoa Física” e a empresa é uma “Pessoa Jurídica”. São duas coisas absolutamente diferentes, portanto o faturamento da empresas, é da “Pessoa Jurídica” e não da “Pessoa Física”. O empresário deve ter o seu pró-labore e nunca achar que o dinheiro em caixa lhe pertence. Ele deve administrar sua vida pessoal com o seu dinheiro e não com o da empresa.
  4. ARROJO – Toda corporação assume riscos. O arrojo se torna imprescindível no desenvolvimento dos negócios. A melhor maneira de ser arrojado, sem correr muitos riscos, é planejando. Com a administração aperfeiçoada, deve haver um planejamento de curto, médio e longo prazo, traçando os objetivos da empresa dentro do mercado.
  5. ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO – A grande verdade é que se o empresário conseguir aperfeiçoar sua administração, os lucros aparecem muito rápido. O grande negócio agora é centralizar esforços no crescimento da empresa. O empresário deve ter em mente que existem muitas ações estratégicas que levam ao crescimento, umas mais rapidamente, outras mais lentamente. A aquisição de outras empresas deve estar presente na idéia dos empresários. Se você tem uma empresa bem administrada, será fácil adquirir outras que não tiveram a mesma sorte e transforma-las com o seu modelo. As fusões com outras organizações também podem trazer grandes benefícios para ambos, lembrando sempre que o principal objetivo é conseguir competir com outras corporações dentro do mesmo mercado econômico, e muitas vezes unindo esforços, se torna mais fácil esta competição.

           Eu sei que falar é fácil, o difícil é convencer quem alcançou algum sucesso no “velho estilo”, a mudar e mexer em todos os valores enraizados e na equipe que já foi vencedora um dia, mesmo que os números venham demonstrando há anos que “a bica está secando”. Pense bem: Vale a pena continuar culpando o mercado e a crise ou desprender-se dessa fórmula que já deu sucesso, mas nos dias de hoje o está levando a ruína.

            Pensem bem em tudo isso!

 

Fonte: Administradores Brasil


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